Da Fundação e da Continuação
- 11 de jun.
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Atualizado: 12 de jun.
Reflexão do Pe. Vasco Pinto de Magalhães, sj
Encontro de Investigadores em Bioética na Lusofonia 2025
No âmbito do Encontro de Investigadores em Bioética na Lusofonia 2025, o Pe. Vasco Pinto de Magalhães partilhou uma intervenção memorável, onde recordou os fundamentos do Centro de Estudos de Bioética e traçou um caminho desafiante para o seu futuro. Num tempo marcado por rápidas transformações sociais, tecnológicas e éticas, a sua reflexão propõe sete pontos fundamentais para pensar a bioética do futuro — fiel à dignidade da pessoa humana e aberta à crítica corajosa.
1. Fazer o Bem, Bem Feito
Fazer o bem não é apenas ter boas intenções. É descobrir o que realmente é bom, o que é verdadeiramente humano, situado no tempo, nas relações e na complexidade da vida. A bioética começa por uma pergunta radical: o que é ser pessoa?
2. Toda Ética Esconde uma Antropologia
Por detrás de cada juízo ético está uma conceção de pessoa. Existem direitos mesmo quando não podem ser expressos? É urgente pensar a antropologia que sustenta a ética. Tal antropologia, tal ética, tal bem.
3. A Técnica Sem Consciência Crítica Pode Tornar-se Despótica
A técnica e a gestão fazem "bem feito". Mas se não forem orientadas pelo pensamento crítico, tornam-se instrumentos de dominação ou sedução. O verdadeiro bem não é automático nem instantâneo.
4. O Mal Apresenta-se Muitas Vezes Como Bem
Vivemos rodeados de bens imediatos e satisfatórios que ocultam a verdade. Substituímos os frutos — que exigem tempo e discernimento — pelos resultados rápidos. A ética, sem pensamento, torna-se opinião frágil, refém do que “toda a gente faz”.
5. A Pessoa É Relação e Futuro
A pessoa é um sujeito autónomo de relação. Existir é ex-istere — sair de si. Só existe verdadeiramente quem ama e é amado. A ética não é estática: ou cresce ou desaparece. A crítica, a consciência e a formação são essenciais. Caso contrário, reina o relativismo passivo: “é a minha opinião”, como se isso bastasse.
6. A Cultura Woke e o Colapso da Identidade
O Pe. Vasco denuncia a fragilidade de certas ideologias contemporâneas, como a ideologia de género, que prometem libertação mas anulam a pessoa. Classificam, fragmentam e tornam manipulável o ser humano. Sem identidade, não há ética — apenas consumo de fantasias. Um novo tipo de pornografia social: o outro como objeto para satisfação.
7. Ler o Presente com os Olhos do Futuro
Inspirando-se em Luciano Manicardi, o Pe. Vasco desafia-nos: em vez de projetarmos o futuro com os olhos cansados do presente, devemos criticar o presente à luz do futuro que queremos construir. Esta é a verdadeira tarefa da bioética.
✨ Um Chamamento à Responsabilidade
A intervenção do Pe. Vasco Pinto de Magalhães foi mais do que uma evocação do passado: foi um chamamento à responsabilidade, à coragem crítica e à esperança informada. O Centro de Estudos de Bioética nasceu de uma visão profundamente humana — e cabe-nos a todos dar-lhe continuidade com lucidez e fidelidade.
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